Para Erica


Para Erica

Tem gente que passa pela vida da gente sem jamais ir embora.

Essa é uma breve história sobre alguém que conheci na juventude.

Era só uma menina, franzina, risonha, desconfiada sempre. 

Usava uma enorme mochila presa às costas, desproporcional para seu tamanho, mas ela não se importava, perfumada e toda bela em sua infância, ela ia feliz e satisfeita, com a enorme mochila, rumo à escola.

Do portão de sua casa, eu e sua mãe, a observávamos e sempre riamos da situação da pequena menina que sustentava, tal gente grande, uma mochila enorme sem reclamar ou demonstrar desconforto, era engraçado, é claro!

Algumas noites passei ao seu lado e, nessas horas noturnas, ela gostava de ouvir estórias, li com satisfação, algumas para ela que nunca, jamais dormia, antes sim mais desperta ainda ficava por conta do interesse pela estória.

Essa menina gostava mesmo era de rir, aproveitar a vida, conhecer novos lugares e pessoas apesar da tenra idade.

Alguns natais passamos a rir muito de tudo e de todos, às vezes, sem motivo, começávamos a gargalhar, chorar de rir, tudo era motivo de riso ao seu lado. Bons tempos!

Posso dizer que a vi crescer, participei de alguns momentos importantes de sua vida.

Vi muito riso em seu rosto, vi lágrimas também, expressões de raiva, frustração, dor, mas tudo isso compõe a grande orquestra da vida de todos nós, porém, só participamos desses momentos da vida do outro caso seja alguém especial que nos convidou a fazer parte de todos esses instantes.

É muito bom ter alguém assim na vida da gente, alguém que conhecemos ainda criança e, ao longo dos anos, jamais se esquece da gente, isto é ouro, é prata, é joia de extremo valor para a alma, pedra rara que jamais perde o brilho.
Hoje vejo seu sorriso, sua alegria nas imagens da tela, porém, essas imagens sempre me remetem àquele tempo que se foi deixando na lembrança a alegria, o privilégio de poder recordar, isso é muito bom!

A menina franzina da imensa mochila, cresceu, se desenvolveu, enfrentou as dores da vida, mas, continua sorrindo lindamente e me querendo bem, eu sei.
Ter a certeza que alguém nos quer bem é muito especial, todos deveriam ter alguém que lhe quisesse bem apesar da distância física e do implacável tempo, todos!

A menina que conheci hoje cedeu lugar à mulher, à mãe, porém, em minha lembrança, continua sendo uma criança sorridente, alegre.

Lembro muito bem ainda como era fácil seu riso e como se encantavam seus olhos quando via algo belo. 

Nem tudo na vida são flores, mas, os momentos que vivi ao lado dela foram de puro encanto. Conservo minha lembrança nos bons momentos, nas horas de alegria e nas incontáveis gargalhadas.

Passeando por essas memórias, a gente se dá conta do quanto é importante a amizade pura, aquela que nada pede nem recebe, só se doa num compartilhar sincero, feliz simplesmente pelo fato de existir.

Os bens materiais que adquirimos ao longo da vida nada são diante dessas lembranças, pois os bens perecem, não riem, não nos amam, nem tampouco têm memória. Estão apenas ali, mudos, frios, testemunhando apenas uma parte de nossa história.

Valorizo muito a amizade mesmo demonstrando pouco, mesmo me distanciando por alguma razão, mas, como não creio que a distância modifique sentimentos, sigo vivendo querendo bem a minha maneira, mas, acredite, sinceramente sempre querendo bem aos que conquistaram meu coração e me deram o privilégio de participar de alguns bons momentos de suas vidas, é o caso dessa menina.

Ao escrever essas palavras, vejo ainda claramente a imagem de seu rosto sorridente, ouço sua voz quase sempre em tom alto atropelando a fala dos outros. A menina além de sorridente é falante!

Rimos sempre muito quando ela, a menina, disparava seu falatório!

E assim é a vida, hoje próximos, amanhã ninguém pode saber, por isso, quando a oportunidade de uma amizade aparecer, agarre sem medo de sofrer, pois tudo faz parte, mas, o que sobrevive é a boa lembrança dos momentos vividos mesmo que, às vezes, não sejam tão bons assim.

Amigos são para todas as horas, afinal, ter vivido para contar essa breve história, é sinal de que não me furtei à amizade nem tampouco a esqueci num canto qualquer da lembrança e do coração.

Algumas vezes não nos damos conta da importância do amigo de hoje que compartilha conosco seus minutos, algumas horas, só mais tarde, quando o tempo passar e a distância enfim tratar de separar o físico, é que vamos entender o valor daquela amizade e dos momentos de riso e dor passados juntos, lado a lado a confidenciar olhares, palavras e emoções.

Um brinde a todos os amigos e à menina da mochila grande que ainda sorri para mim na tela de minha memória e dança, qual bailarina, em meu coração!

Essa é prá você, Erica!
Com afeto,
Anna Pon


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